Apenas 11,9 segundos! É esta a diferença com que, Sébastian Ogier e Ott Tänak, os dois primeiros classificados do Vodafone Rally de Portugal, partem para os 62,18 quilómetros cronometrados da derradeira etapa. Uma luta entre dois campeões do Mundo, também eles ex-vencedores da prova, mas também mais um episódio do duelo entre Toyota e Hyundai. Se no WRC2 também está tudo em aberto, com os quatro primeiros separados por 21,3 segundos, entre os portugueses só um percalço impedirá Armindo Araújo de ser, pela sexta vez consecutiva, o melhor dos pilotos nacionais. Amanhã (sábado), as duas passagens pelos troços de Cabeceiras de Basto e Fafe, são o palco de todas as decisões.
Sete anos depois da última vitória, é desta que Sébastien Ogier vai conquistar o sexto triunfo e assim desempatar com Markku Alén, como o piloto mais bem-sucedido da história da prova organizada pelo Automóvel Club de Portugal? Ou, pelo seu lado, Ott Tänak vai repetir o sucesso da edição de 2019? Sem prejuízo de outros cenários, é esta a grande dúvida para a derradeira e decisiva etapa de amanhã do Vodafone Rally de Portugal. Uma extraordinária luta em perspetiva, que também vai ditar a nona vitória da Toyota – as cinco últimas consecutivas – ou a segunda da Hyundai na prova.
“Golpe de teatro” em Montim 1
Mais do que o Centro do país, o Norte foi madrasto para as aspirações de alguns dos principais protagonistas do Vodafone Rally de Portugal. A segunda etapa começou com um forte ataque de Kalle Rovanperä, com o piloto da Toyota a ganhar meio segundo, por quilómetro, ao mais direto adversário, na passagem inaugural por Felgueiras. Seguiu-se a classificativa de Montim, palco de um autêntico “golpe de teatro”: ao quilómetro 3,9, Kalle Rovanperä despistou-se e duas curvas e 200 metros depois, Oliver Solberg capotou o Skoda por diversas vezes. De uma assentada, ficavam de fora dois líderes: o absoluto e o do WRC2.
Kalle Rovanperä afirmou: “Foi pena, porque a manhã tinha começado muito bem para nós. Simplesmente falhei o ponto de travagem em linha reta e saímos largo numa zona muito escorregadia. Na sequência de curvas anterior tinha havido uma ligeira confusão nas notas e eu ainda estava a pensar nisso, numa fração de segundo. Com estes carros isso não pode acontecer. Foi um erro meu.”
Ogier e Tänak monopolizam vitórias em troços
Seguiram-se oito classificativas, quatro delas ganhas por Sébastian Ogier e três por Ott Tänak. No final do dia, apenas 11,9 segundos de diferença entre os pilotos da Toyota e Hyundai. Uma escassa diferença que, amanhã (domingo), promete aumentar a romaria às classificativas de Cabeceiras de Basto e de Fafe.
“Foi um bom dia, mas complicado. Não estávamos à espera que acontecessem tantas coisas. Do lado da Toyota não foi perfeito e perdemos dois carros. Agora temos de terminar a tarefa amanhã”, sublinhou Sébastian Ogier.
Já Ott Tanäk afirmou: “Esta tarde tivemos um melhor ritmo nos pisos com sulcos, mas, no geral, foi um dia bastante sólido. Hoje, fizemos o nosso melhor com as ferramentas que temos”.
No terceiro lugar, a 1m11,4 segundos do líder, Thierry Neuville vai procurar manter a posição e somar pontos que lhe permitam reforçar a liderança do campeonato de pilotos, com o belga a destacar: “Se alguém nos tivesse dito que terminávamos a etapa no terceiro lugar, eu não tinha acreditado. Foi um dia perfeito e estamos ansiosos pelo de amanhã, emocionante e com muitos pontos para conquistar”.
O belga da Hyundai beneficia da proteção de Dani Sordo que, pese embora ter terminado o dia a 14,2 do colega de equipa, parte sobretudo com a preocupação de defender-se dos ataques de Adrien Formaux, uma vez que o piloto da Ford terminou a etapa a apenas 7,3 segundos do espanhol, depois de uma brilhante vitória na Super-Especial de Lousada, com novo recorde da pista.
Já Elfyn Evans, atual sexto classificado, bem como Kalle Rovanperä, que vai regressar em modo “Rally2” – tal como o japonês Takamoto Katsuta, que abandonou esta manhã, quando era terceiro – vão partir para a etapa de amanhã com o objetivo de amealharem o maior número de pontos na Power Stage.
Tudo em aberto também nos Rally2
Espetacular também promete ser a luta entre os Rally2. Oliver Solberg e Gus Greensmith abandonaram por acidente e a luta pela vitória passou a ter outros protagonistas. À partida da derradeira etapa, os quatro primeiros partem separados por apenas 21,3 segundos. Nikolay Gryazin (Citroën) é o líder, com 9,7 segundos de vantagem para Jan Solans (Toyota), 17,7s para Josh McErlean (Skoda) e 21,3s para Yohan Rossel (Citroën).
Quando era o sétimo classificado entre os Rally2, Kris Meeke capotou o Hyundai em Paredes 2, sendo obrigado a desistir.
Armindo Araújo líder entre os portugueses
Entre os pilotos nacionais, Armindo Araújo (Skoda) até em modo “passeio” tem tudo para ser o melhor português pela sexta vez consecutiva.
O dia de todas as decisões
No último e decisivo dia do Vodafone Rally de Portugal, os concorrentes têm pela frente uma dupla passagem pelos troços de Cabeceiras de Basto e Fafe, num total de 62,18 quilómetros. E, a exemplo dos últimos anos, a segunda passagem pela classificativa de Fafe volta a ter o estatuto de Power Stage. Ou seja, a especial que premeia os cinco pilotos mais rápidos com pontos adicionais, independentemente de terminarem nos lugares pontuáveis para o Mundial.
Vodafone Rally de Portugal – Classificação após SS18:
1.º Sébastien Ogier (FRA) / Vincent Landais (FRA) Toyota GR Yaris Rally1, 3h01m55,8s
2.º Ott Tänak (EST) / Martin Järveoja (EST) Hyundai i20 N Rally1, a 11,9s
3.º Thierry Neuville (BEL) / Martijn Wydaeghe (BEL) Hyundai i20 N Rally1, a 1m11,4s
4.º Dani Sordo (ESP) / Candido Carrera (ESP) Hyundai i20 N Rally1, a 1m25,6s
5.º Adrien Fourmaux (FRA) / Alexandre Coria (FRA) Ford Puma Rally1, a 1m32,9s
6.º Elfyn Evans (GBR) / Scott Martin (GBR) Toyota GR Yaris Rally1, a 3m23,8s
7.º Nikolay Gryazin (BUL) / Kostantin Aleksandrov (RUS) Citroën C3 Rally2, a 9m25,5s (1º WRC2:) 8.º Jan Solans (ESP) / Rodrigo Sanjuan (ESP) Toyota GR Yaris Rally2, a 9m35,2s